Chefão do PCC é capturado na Bolívia e transferido para presídio de segurança máxima em Brasília

Após anos foragido, um dos principais líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Roberto de Almeida, conhecido no submundo como “Tuta”, está de volta ao Brasil. Preso na Bolívia no sábado (17/5), o criminoso foi extraditado no domingo e encaminhado imediatamente à Penitenciária Federal de Brasília (PFBRA), uma das unidades de segurança máxima do país.
A operação de captura e transferência envolveu um verdadeiro aparato interestadual e internacional. A prisão foi feita em Santa Cruz de La Sierra, após Tuta tentar renovar documentos falsos no país vizinho. Identificado pelas autoridades bolivianas, ele foi entregue à Polícia Federal na fronteira de Corumbá (MS) e, de lá, trazido em um voo da própria PF à capital federal.
Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a permanência de Tuta em regime de segurança máxima tem como objetivo conter sua influência e desarticular qualquer tentativa de articulação dentro da facção. A transferência envolveu uma força-tarefa com mais de 50 agentes, incluindo membros do Comando de Operações Táticas (COT), da Polícia Penal Federal e apoio das forças de segurança do Distrito Federal.
Condenado no Brasil a 12 anos de prisão por envolvimento com organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, Tuta figurava na Difusão Vermelha da Interpol desde 2020. Ele era considerado peça-chave no esquema financeiro do PCC, suspeito de operar movimentações superiores a R$ 1 bilhão provenientes do tráfico internacional de entorpecentes.
A atuação de Tuta ficou especialmente evidenciada durante a Operação Sharks, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo em 2020. As investigações revelaram que ele não apenas articulava movimentações milionárias, mas também teria corrompido agentes do setor de inteligência da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), pagando supostamente R$ 5 milhões por informações privilegiadas para escapar de mandados de prisão. Parte do montante teria sido paga em dinheiro vivo.
Fontes da investigação apontam que Tuta era considerado um dos membros mais reservados e influentes da cúpula do PCC. Sua prisão é vista como um golpe estratégico contra as engrenagens financeiras da organização, mas também reacende alertas sobre a profundidade da corrupção institucional usada pela facção para se manter ativa mesmo diante da repressão estatal.
A expectativa agora é que, sob regime extremamente restritivo, sua capacidade de articulação seja drasticamente reduzida — embora autoridades sigam monitorando possíveis reações internas à sua captura.