Crime Organizado Movimenta Bilhões no Mercado de Produtos Lícitos: Um Olhar sobre o Impacto Econômico

O crime organizado no Brasil movimenta anualmente, pelo menos, R$ 146,8 bilhões em produtos lícitos, como combustíveis, bebidas, ouro e tabaco, impactando diretamente a economia e as práticas de consumo do país. Este valor foi estimado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), que divulgou, em primeira mão, ao Metrópoles, o estudo Follow the Products – Rastreabilidade de Produtos e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil.

O Impacto Econômico e os Mercados Envolvidos

De acordo com o estudo, os produtos relacionados ao crime organizado representam 42,1% do total de R$ 348,1 bilhões movimentados anualmente por esse tipo de organização no Brasil. O mercado de combustíveis e lubrificantes é o maior responsável, com R$ 61,4 bilhões, seguido por bebidas (R$ 56,9 bilhões), ouro (R$ 18,2 bilhões) e tabaco/cigarros (R$ 10,3 bilhões).

Em comparação, o tráfico de cocaína, apesar de ser uma das práticas mais associadas ao crime organizado, gerou R$ 15,2 bilhões, um valor consideravelmente menor. Já os golpes virtuais e o mercado de celulares lideram o ranking, com um faturamento impressionante de R$ 186,1 bilhões.

A Infiltração do Crime na Economia

Os dados revelam que o crime organizado está profundamente inserido na economia formal, com uma participação de 14,7% nos mercados de combustíveis, bebidas, ouro e tabaco. A pesquisa destaca a dificuldade de medir com precisão os mercados ilícitos, mas aponta que os valores poderiam ser ainda mais altos. O coordenador do estudo, Nívio Nascimento, ressaltou a complexidade de estimar esses números, mas enfatizou a importância de mostrar como as organizações criminosas infiltram-se em diferentes setores, afetando diretamente a vida da população.

As práticas associadas ao crime organizado incluem contrabando, falsificação, adulteração de produtos, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, entre outras ações fraudulentas. O estudo do FBSP propõe um olhar mais amplo e inovador sobre o crime organizado, que vai além do tráfico de drogas e armas, abrangendo outros mercados e destacando sua presença crescente na economia brasileira.

O Setor de Combustíveis: Foco das Organizações Criminosas

O setor de combustíveis e lubrificantes é, sem dúvida, o mais lucrativo para o crime organizado. As práticas ilícitas incluem adulteração de combustíveis, roubo de cargas, desvio por dutos, venda sem emissão de nota fiscal, empresas de fachada e fraudes em operações de importação e exportação. Esses crimes impactam não apenas a economia, mas também o meio ambiente, pois muitos dos recursos ilícitos financiam atividades como garimpo ilegal e desmatamento, com o uso de aviões para transporte de ouro e outros produtos ilegais.

O estudo alerta que a venda ilegal de combustíveis no Brasil poderia abastecer toda a frota de veículos por até três semanas completas, o que demonstra a magnitude do problema. Essa atividade criminosa alimenta não só a economia paralela, mas também contribui para o aumento de crimes ambientais e a degradação de recursos naturais.

O estudo do FBSP lança luz sobre o impacto do crime organizado no Brasil, não apenas no mercado ilícito de drogas e armas, mas também em setores fundamentais da economia legal. A infiltração das organizações criminosas em mercados como combustíveis, bebidas, ouro e tabaco mostra como o crime afeta o cotidiano da população e a estabilidade econômica do país. O enfrentamento dessa realidade exige um esforço conjunto entre autoridades, sociedade civil e empresas, para garantir a integridade do mercado e a redução dos danos causados pelo crime organizado.

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