Crise Silenciosa: A Falta de Insulina em São Paulo e a Negligência Governamental

Em um ato que se traduz em um verdadeiro descaso com milhares de cidadãos que dependem de insulina para sobreviver, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo trouxe à tona uma alarmante verdade: a falta de insulina piorou de maneira drástica. Apesar do estado ter solicitado 54 mil frascos de insulina regular em dezembro de 2024, a resposta veio em um frustrante silêncio, sem a entrega de uma única unidade.

            A situação das 95 mil unidades de insulina NPH requisitadas é igualmente desoladora, já que apenas pouco mais de um quarto desse total chegou às mãos de quem mais precisa. Enquanto isso, o Ministério da Saúde proclama, em uma desconexão quase sarcástica com a realidade, que enviou ao estado mais de um milhão de unidades em outras configurações, priorizando modelos em caneta. Essa foi a “solução” apresentada para mascarar o déficit de frascos, como se tal artimanha mitigasse o sofrimento daqueles sem tratamento adequado.

            Minas Gerais e Goiás, dois outros estados fortemente impactados, demonstram que essa catástrofe é, lamentavelmente, expandida além dos limites paulistas. Em Minas, apenas 66% das canetas de insulina regular foram satisfeitas e, pasmem, meros 23% em versão frasco alcançaram os destinos. Em Goiás, a redução drástica na produção dos frascos de 10 ml virou a rotina de cabeça para baixo, ameaçando o funcionamento do programa Farmácia Popular.

            Essa desordem nacional expõe um vazio gigantesco na gestão e priorização das políticas de saúde pública. A superficialidade da resposta governamental não apenas retarda o tratamento, mas põe vidas em risco. Assim, trazemos a pesada crítica de que negligenciar cuidados de saúde essenciais constitui uma crua violação do dever básico de cuidar daqueles sob sua tutela.

            O Ministério da Saúde parece viver em um universo paralelo, empenhado em longas negociações prometidas para normalizar a entrega somente ao final do primeiro semestre de 2025. Enquanto isso, pacientes dependentes de insulina jazem em uma angústia perpétua, esperando pelo suspiro de um governo que demonstra estar gravemente fora de sintonia com a realidade.

            Portanto, o que vemos aqui é uma falha ressonante: uma administração cega às demandas urgentes de sua população mais vulnerável. Exigir, sem vestígios de retaliação ou omissão, uma reavaliação urgente e abrangente das estratégias de distribuição não é apenas necessário, mas vital. Não podemos deixar que a saúde dos nossos cidadãos seja tratado como um pós-escrito burocrático em documentos governamentais. Isso não é burocracia; são vidas em jogo.

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