Dólar Pode Cair Abaixo de R$ 6 com Cenário Favorável ao Real, Afirma Gestor da Allianz Global Investors

O mercado financeiro pode presenciar uma queda do dólar abaixo de R$ 6 nos próximos meses, segundo Carlos Carranza, gestor de portfólio da Allianz Global Investors baseado em Londres. De acordo com ele, os riscos fiscais no Brasil já foram precificados e os juros elevados no país podem ajudar a valorizar o real.
“Temos uma visão construtiva do real e, se as pressões sobre as moedas emergentes terminarem após a posse do presidente Trump, não seria surpresa o dólar romper os R$ 6,00, para um nível mais baixo”, afirmou Carranza em entrevista. Ele também destacou que a Allianz possui posições no Brasil, sem revelar valores específicos. Globalmente, a Allianz Global Investors administra 560 bilhões de euros em ativos.
Cenário Atual e Perspectivas
Na última sexta-feira, o dólar fechou cotado a R$ 6,10, refletindo parte do alívio observado no início de 2025. A moeda brasileira pode se beneficiar do diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos. O Banco Central do Brasil já sinalizou pelo menos mais duas altas da taxa Selic, cada uma de 1 ponto percentual, o que levaria os juros a mais de 14% até março. Por outro lado, o Federal Reserve pode reduzir os juros nos EUA, de acordo com Carranza.
Embora o risco fiscal tenha sido o principal motor da alta do câmbio em 2024 — quando o dólar subiu 27%, marcando o maior aumento desde 2020 —, as maiores ameaças para 2025 vêm do cenário internacional. Carranza menciona possíveis impactos das políticas de Donald Trump, como tarifas comerciais, e a não confirmação de cortes nos juros pelo Federal Reserve. Dados fortes de empregos nos EUA em dezembro já levaram o mercado a postergar as apostas em redução de juros para o segundo semestre.
Benefícios para o Brasil
Apesar dos desafios globais, o gestor acredita que os ativos brasileiros podem ser menos afetados do que os de outros mercados emergentes em caso de uma “guerra comercial” promovida por Trump. “A América Latina, com exceção do México, é menos vulnerável à guerra comercial e pode se beneficiar da realocação de investimentos em relação aos países mais diretamente atingidos”, disse Carranza.
Com o dólar ainda em patamares elevados, a economia brasileira pode atrair investidores em busca de rendimentos mais altos proporcionados pelos juros locais, consolidando o cenário favorável ao real. Essa perspectiva traz esperança para a estabilização da moeda e um possível retorno de confiança ao mercado financeiro nacional.