Dólar tem queda após dados de emprego nos EUA e incertezas sobre guerra tarifária

O dólar apresenta uma queda nesta quinta-feira (6), com investidores atentos aos dados de emprego nos Estados Unidos e aos desdobramentos da guerra tarifária entre os norte-americanos e a China.

Às 13h54, a moeda norte-americana caía 0,31%, cotada a R$ 5,775. Enquanto isso, a Bolsa brasileira registrava um leve avanço de 0,17%, aos 125.742 pontos. Com uma agenda interna mais tranquila, o mercado focava nos desenvolvimentos internacionais, especialmente em fatores políticos e macroeconômicos que possam influenciar as próximas decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA.

Dados de emprego nos EUA e perspectivas para o Fed

Na vertente macroeconômica, os números divulgados indicam que o número de americanos que solicitou auxílio-desemprego subiu para 219 mil na semana passada, superando as expectativas de 213 mil analistas consultados pela Reuters. Embora o mercado de trabalho dos EUA tenha sido um motor importante para a recuperação econômica do país, o aumento nas solicitações de auxílio-desemprego sugere uma desaceleração gradual, reforçando a possibilidade de que o Fed ainda tenha espaço para mais cortes nas taxas de juros. Amanhã, o mercado aguarda com atenção a divulgação dos dados do payroll, principal indicador de emprego nos Estados Unidos.

A ferramenta CME Fed Watch indica que 85% dos operadores apostam na manutenção da taxa de juros entre 4,25% e 4,5% por mais uma reunião, enquanto 15% apostam em uma nova redução de 0,25 ponto percentual.

Impactos da política tarifária de Trump

O dólar também sofre influência das políticas tarifárias do presidente Donald Trump, que, inicialmente, adotou medidas agressivas, mas recentemente suavizou sua postura em relação a alguns países. No último sábado (1º), Trump assinou um decreto que impôs tarifas adicionais sobre as importações do México, Canadá e China, mas desde então buscou acordos com os dois primeiros. As tarifas sobre os produtos do México e Canadá foram suspensas após os dois países reforçarem a segurança nas fronteiras, mas as taxas sobre a China permanecem.

A imposição de tarifas de 10% sobre produtos chineses resultou em represálias, com a China anunciando taxas de 15% para carvão e gás natural e de 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis. Essas novas tarifas entram em vigor em 10 de fevereiro, e as autoridades chinesas indicam que ainda esperam alcançar um acordo com os EUA.

Leonel Mattos, analista da StoneX, destaca que a resposta chinesa foi mais restrita do que as medidas americanas, o que tem gerado incertezas no mercado cambial. Parte dos analistas acredita em um possível acordo entre os dois países nos próximos dias.

Consequências da guerra comercial e da política monetária para os mercados

A guerra tarifária tem o potencial de aumentar os custos para os consumidores norte-americanos, impactando a luta do Fed contra a inflação e forçando a manutenção de juros elevados, o que fortaleceria o dólar. A suavização do discurso de Trump sobre tarifas também tem ajudado a reduzir a aversão ao risco, favorecendo moedas de mercados emergentes.

Além disso, a moeda norte-americana responde a questões internas da economia brasileira. Especialistas indicam que o dólar, que havia alcançado recordes históricos no final de 2024, já apresenta uma correção. O mercado interno, com a expectativa de queda da inflação devido ao choque de juros, tem pressionado a moeda para baixo, além de fatores relacionados às reformas tributária e fiscal propostas pelo governo brasileiro.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que espera uma queda consistente da inflação, com a Selic se mantendo em 13,25% ao ano e podendo chegar a 14,25% em março. No entanto, a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 também gera incertezas sobre o impacto fiscal, o que poderia afetar negativamente a trajetória da dívida pública brasileira.

Expectativas para o futuro próximo

Embora o dólar esteja sofrendo uma correção no Brasil, com uma sequência de quedas observada nos últimos dias, as incertezas políticas internas e externas continuam a ser um fator importante para a movimentação da moeda. O cenário de guerra comercial, a política monetária dos EUA e as questões fiscais brasileiras seguem sendo determinantes para os rumos do câmbio e da economia global.

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