Erika Hilton faz cirurgia nasal de R$ 24,7 mil e tem valor reembolsado com verba da Câmara

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) recebeu reembolso da Câmara dos Deputados por uma cirurgia no nariz no valor de R$ 24,7 mil. O procedimento, realizado em fevereiro deste ano em um hospital particular de São Paulo, foi classificado como “rinosseptoplastia funcional”, voltada para corrigir problemas respiratórios e não fins estéticos. Mesmo assim, o episódio gerou forte repercussão e abriu discussões sobre os critérios de uso de verbas públicas para tratamentos de saúde de parlamentares.
De acordo com a própria deputada, apenas a parte funcional da cirurgia foi custeada com recursos públicos, enquanto ela mesma arcou com os custos da intervenção estética, realizada na mesma ocasião. O caso chamou atenção nas redes sociais e entre especialistas em administração pública, especialmente por envolver procedimentos realizados de forma simultânea — o que levanta questionamentos sobre a separação entre o que é considerado funcional e o que se enquadra como estético.
Normas e lacunas
A Câmara dos Deputados permite o reembolso de despesas médicas de seus membros com base em um regulamento de 2013. A norma prevê a cobertura de tratamentos de saúde, mas proíbe explicitamente o ressarcimento de procedimentos estéticos. No entanto, a falta de transparência sobre os tipos de tratamento aprovados, os estabelecimentos utilizados e os valores detalhados levanta dúvidas sobre o controle e a fiscalização desses gastos.
Atualmente, não existe um limite total anual para os reembolsos de saúde, desde que cada nota fiscal individual não ultrapasse R$ 135,4 mil. Em 2025, os gastos da Câmara com despesas médicas de deputados já somam R$ 1,6 milhão. O maior reembolso do ano, até o momento, foi de R$ 123 mil.
Debate público
O caso reacende o debate sobre o uso de dinheiro público para cobrir despesas pessoais de parlamentares, sobretudo em um cenário em que grande parte da população enfrenta dificuldades para acessar serviços básicos de saúde. Para especialistas, ainda que o procedimento tenha finalidade médica, o fato de ter sido realizado junto a uma cirurgia estética exige mais clareza na prestação de contas.
Enquanto isso, a sociedade segue cobrando maior rigor, transparência e critérios mais claros para o uso dos recursos públicos — especialmente quando o assunto envolve a saúde de autoridades eleitas para representar o povo.