Trama Golpista: STF Mantém Prisão do Coronel Marcelo Câmara após Audiência de Custódia

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (19) manter a prisão preventiva do coronel do Exército Marcelo Câmara, em uma medida que reafirma a rigorosa atuação da Corte no caso envolvendo a suposta tentativa de acesso irregular a informações sigilosas de um acordo de colaboração premiada. A decisão foi divulgada pela CNN Brasil após a realização da audiência de custódia, que avaliou as condições da detenção do militar.
A prisão do coronel foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes e executada por agentes da Polícia Federal, que conduziram Câmara de sua residência para a sede da corporação, onde ele permanece detido no Batalhão da Polícia do Exército, em Brasília.
Além de manter a prisão do coronel, o ministro Moraes determinou a abertura de inquérito não só contra Marcelo Câmara, mas também contra seu advogado, Eduardo Kuntz. Ambos são investigados por supostamente tentarem acessar informações sigilosas do acordo de colaboração premiada firmado por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. A mesma motivação levou à prisão preventiva do general Walter Braga Netto, que atuou como ministro no governo anterior.
As investigações apontam que o advogado Kuntz teria mantido contato com Mauro Cid por meio de um perfil supostamente pertencente à esposa do delator, uma prática proibida devido às restrições impostas, já que Cid estava proibido de usar redes sociais. As mensagens trocadas, divulgadas pela revista Veja, embasaram o despacho de Moraes, que classificou como “completo desprezo” do coronel às medidas cautelares impostas anteriormente.
De acordo com os autos, o coronel tinha proibido manter contato com outros investigados, restrição que teria sido burlada usando seu advogado como intermediário. O ministro Moraes ressaltou que a intenção da defesa era “descobrir os termos do acordo de colaboração para beneficiar” Câmara no processo em andamento.
Ainda conforme a decisão, Marcelo Câmara, Eduardo Kuntz e Mauro Cid deverão prestar depoimento à Polícia Federal no prazo máximo de 15 dias.
Em nota enviada à CNN, o advogado Renato Marques Martins, representante de Eduardo Kuntz, classificou a decisão de Moraes como “abusiva”. Segundo ele, Kuntz apenas teria “exercido seu dever de verificar se a delação foi ou não espontânea” ao ser procurado por Mauro Cid.
O caso segue em investigação, e a manutenção da prisão do coronel demonstra a postura firme do STF no combate a tentativas de interferência e desrespeito às regras judiciais, em um contexto delicado para a segurança institucional do país.